terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A DOR DE MÃE ORFÃ








Para a morte de um filho não há cura, tratamento, nem alívio para a dor. A morte de um filho faz sofrer o coração até o fim. Fim que não chega nunca. Morre-se um pouco todos os dias. Enlouquece-se de dor, sem se perder a razão.
Dizem que mãe não deveria chorar a morte do filho, mas a dor desta perda é um pranto sem lágrimas, um lamento silencioso.
Um verso de Chico Buarque diz que “a saudade é arrumar o quarto/ do filho que já morreu”. Arrumei o quarto dele, antes mesmo de saber que já estava morto. Talvez, no íntimo ja o soubesse.
Mas essa não é a maior dor. A saudade do filho que já morreu é a dor de todas as dores. Pensei que pudesse esconder tal dor, mas,no fundo dos olhos o brilho se apagou, e a lágrima é a dor que transborda, que afoga e sufoca. Vejo a vida de meu filho ir-se não de uma vez, mas todas as vezes que me deparo com alguma criança que teria a idade dele hoje.. Imaginar como ele estaria.. Vendo ali as outras crianças correndo, brincando é quase que impossivel..
Conto essa história sem mágoas, ódios ou rancores. Mas a angústia que sinto, ao recordar o rostinho do meu bebê e a falta que ele me faz e de como meu filho se foi tão cedo,às vezes me faz fraquejar. Porém, surpreendentemente, Deus me concede uma inexplicável força para ir em frente com a determinação de quem não se entregou à maior dor que uma mãe pode sentir.. a dor de ficar sem o seu próprio eu..
E só quem prestar muita atenção perceberá lá no fundo dos meus olhos, a dor, aquela, maior de todas.
A da mãe-órfã.

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